A diversidade nas organizações, seus desafios, e também, as iniciativas que o mercado vem adotando para lidar com o assunto.
Quais seriam os sinais de que o cenário está mudando a cerca desse tema?
Um número cada vez maior de evidências indica que ter uma equipe heterogênea, com diferentes backgrounds, culturas e formações, se tornou fundamental para aquelas empresas que buscam se diferenciar (e mesmo sobreviver) no mercado atual (e futuro).
Em termos de diversidade de gênero, existem evidências mostrando que empresas com mulheres entre os sócios-fundadores tiveram desempenho 63% melhor do que aquelas com quadro societário inteiramente masculino. Além disso, empresas com uma maior equidade de gênero possuem uma capacidade 15% maior de apresentarem melhores resultados frente a seus concorrentes de mercado, segundo dados da McKinsey. Quando o assunto é diversidade étnica, as empresas que saem na frente chegam a performar até 35% melhor, comparada a suas concorrentes que não estão investindo no assunto.
Você pode estar se perguntando, mas o que faz a diversidade nas empresas impactar tanto nos resultados? A Neurociência pode ajudar a explicar uma boa parte deste sucesso.
Mais atenção para fatos e menos vieses inconscientes
Trabalhar com um time heterogêneo nos ajuda a fugir do que chamamos de vieses inconscientes – pensamentos e crenças enraizados no nosso cérebro, construídos de maneira implícita a partir de nossas experiências e por fatores culturais da nossa sociedade, que frequentemente interferem no processo de tomada de decisão e podem levar a erros importantes. Por exemplo, estar inserido numa equipe heterogênea diminui as chances de cairmos no chamado viés da conformidade – no qual tendemos a nos comportar de maneira semelhante aqueles que estão a nossa volta, ao invés de seguirmos nossos próprios pensamentos e ideias. Este tipo de viés faz com que muitas vezes processos e padrões de comportamento sejam repetidos em uma organização, ainda que não sejam produtivos ou exista uma forma melhor de realiza-los, simplesmente por que as pessoas estão repetindo o comportamento do grupo pré-existente.
Quanto mais homogêneo culturalmente for o grupo, maior a chance do viés de conformidade se instalar. Por outro lado, equipes heterogêneas tendem a ter diferentes perspectivas de um mesmo cenário, sendo naturalmente mais críticas, orientadas para fatos e dados mais objetivos. Esta característica confere aos grupos mais diversificados um olhar atento e uma visão mais ampla dos desafios apresentados, o que resulta num melhor desempenho da equipe.
Aumento da criatividade e capacidade de inovação
Em um time com pessoas de diferentes origens, perspectivas e experiências de vida, é mais provável que você consiga soluções inovadoras para determinado problema.
Primeiro por que cada indivíduo possui uma capacidade única de percepção do ambiente. Aqui, entenda como percepção nossa capacidade de processar e interpretar diferentes estímulos, a partir de nossos 5 sentidos (aqueles mesmos que você aprendeu na escola: visão, audição, olfato, paladar e tato). Esta capacidade única permite que pessoas com diferentes backgrounds (inclusive genéticos) tenham uma chance maior de “enxergar” erros, oportunidades, bem como soluções distintas para um mesmo problema.
Além disso, a convivência com grupos diversos, em um ambiente propício para a troca de ideias e expertises, estimula o desenvolvimento das pessoas a partir do conceito que chamamos de neuroplasticidade. Este conceito nada mais é do que a formação de novas conexões cerebrais que são construídas quando somos expostos a um ambiente rico em novidades e durante a troca de experiências. Dentre outras coisas, a neuroplasticidade favorece o processo criativo e o aprendizado. A interação com diferentes formas de pensar e avaliar o mesmo cenário mantém o cérebro sendo constantemente desafiado, estimulando o pensamento criativo. O resultado desta interação é sem dúvida uma equipe de alta performance, capaz de ter ideias mais inovadoras e “fora da caixa”.
Não é à toa que algumas pesquisas já vêm mostrando que equipes guiadas por lideranças mais diversificadas culturalmente são mais propensas a desenvolver novos produtos e soluções quando comparadas com àquelas lideradas por grupos homogêneos.
Melhora nas habilidades sociais e Inteligência Emocional
A convivência entre pessoas de diferentes perfis é um excelente estímulo para o desenvolvimento da Empatia, capacidade de nos colocar no lugar do outro, entendendo suas emoções, intenções e visão de mundo. A empatia é essencial para o exercício de uma liderança eficiente, sendo considerada atualmente uma das habilidades mais importantes para o sucesso profissional.
A empatia é elemento chave para o aprimoramento da inteligência emocional, além de ser fundamental para criação de relacionamentos positivos no ambiente de trabalho, seja com os próprios colegas de equipe, ou mesmo com clientes. A interação com pessoas que possuem diferentes backgrounds estimula a ativação dos circuitos neurais envolvidos no processo da empatia, contribuindo para o desenvolvimento desta habilidade. Como resultado, observa-se frequentemente que equipes mais diversas possuem melhores relacionamentos profissionais, criam ambientes mais colaborativos e, consequentemente, geram melhores resultados.
Apesar destas e outras evidências a favor da diversidade como estratégia importante para o sucesso das empresas, o que vemos no mercado é um movimento ainda tímido e um avanço bastante lento na implementação destas mudanças. Apenas para citar alguns dados, a realidade é que vivemos ainda num mundo onde as mulheres representam menos de 14% dos cargos mais altos de liderança nas empresas brasileiras e os negros ocupam menos de 5% (dados do Instituto Ethos). Certamente, sair da famosa zona de conforto não é tarefa fácil. Ainda há muito o que fazer e o conhecimento pode ajudar neste processo.
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Um abraço e até o próximo post =)
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