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Thaís Gameiro

Como o salário pode afetar a motivação da sua equipe?

Atualizado: 9 de ago. de 2023

Estratégias construídas majoritariamente em recompensas financeiras dificilmente produzirão resultados satisfatórios e duradouros na motivação do seu time.

equipe reunida batendo as mãos
Uma vez que as necessidades individuais do colaborador são preenchidas, o salário como real motivador no trabalho vem sendo questionado pelos estudiosos

Frequentemente escutamos alguém dizer aquele velho e famoso ditado: Dinheiro não compra felicidade! No mundo corporativo, também já parece ter virado senso comum que o salário não é suficiente para trazer engajamento e motivação para a equipe. E a pergunta que permanece na cabeça de muitos gestores é, afinal, qual a verdadeira relação entre o salário e a satisfação das pessoas com seu trabalho?

Você que já nos acompanha aqui no blog sabe que para responder essas perguntas recorremos sempre as pesquisas científicas, que nos ajudam a entender as bases do nosso comportamento. E a motivação humana é sem dúvida um tema bastante badalado no mundo acadêmico. Em uma meta análise realizada por pesquisadores da Califórnia, que reuniu mais de 92 estudos quantitativos e varreu mais de 120 anos de pesquisa no tema, os resultados mostraram uma correlação bastante fraca (r=0,14) entre o salário e a satisfação das pessoas com seu trabalho. Além disso, a comparação entre diferentes países mostrou que esta relação permanece fraca independente do lugar e das suas respectivas diferenças culturais (Estados Unidos, Australia, Inglaterra, India, Taiwan). Estes resultados estão de acordo com aqueles apresentados também pelo Instituto Gallup, em sua ampla pesquisa sobre engajamento, que não identificaram qualquer relação entre o valor de salário dos funcionários e o nível de engajamento dos mesmos.

Estas pesquisas têm importante impacto no que tange as estratégias de gestão adotadas pelas empresas. Em resumo, o que estes e outros estudos vem mostrando é que se você deseja aumentar a satisfação e engajamento da sua equipe, mudanças que envolvem apenas o aumento do salário ou estratégias de bonificação não serão suficientes. Mas calma! Eu não estou dizendo que o dinheiro não é importante!! Lógico que todos precisamos pagar nossas contas, sustentar nossas famílias, além das necessidades de consumo individuais. No entanto, uma vez que tais necessidades são preenchidas, o real benefício do dinheiro como motivador no trabalho vem sido questionado pelos estudiosos.


Uma pessoa mexendo no smarthphone
Recompensas externas, como o dinheiro, influenciam negativamente nossa motivação para desempenhar certas tarefas, especialmente aquelas que exigem criatividade.

O fato é que existem poucas evidências que demonstrem que o dinheiro é capaz de aumentar nossa motivação, enquanto um número considerável de estudos vem mostrando que, na verdade, o dinheiro pode até mesmo diminuir nosso engajamento. Edward Deci e seus colaboradores, em uma meta análise clássica, compilaram mais de 128 estudos controlados e chegaram a seguinte conclusão: recompensas externas, como o dinheiro, influenciam negativamente nossa motivação para desempenhar certas tarefas, especialmente aquelas que exigem criatividade. Mais especificamente, quanto maior a recompensa oferecida, menor a motivação intrínseca das pessoas para a realização das tarefas que envolviam reflexões e soluções criativas. A queda na motivação chegava a 36% quando as pessoas sabiam a quantia que receberiam, em comparação com aqueles que não recebiam qualquer recompensa.


As pesquisas sugerem que nossos motivadores intrínsecos (como curiosidade, interesse, vontade de aprender, crescimento pessoal) são melhores preditores de engajamento no trabalho. Esta tendência natural que temos de desempenhar bem uma tarefa, produzir algo relevante e que contribua para um propósito maior, é um motivador mais eficiente do que os chamados motivadores extrínsecos (recompensas externas, como o dinheiro). Desta forma, quando direcionamos o foco dos colaboradores para uma recompensa financeira (no caso dele atingir suas metas, por exemplo), implicitamente diminuímos a importância de seus motivadores intrínsecos e acabamos por reduzir também seu engajamento (e desempenho). Funciona como uma espécie de batalha entre os dois tipos de motivadores, de maneira que quando acrescentamos a recompensa externa, ofuscamos os agentes internos que são propulsores mais eficientes do nosso comportamento, principalmente em tarefas que exigem pensamento criativo, inovação e lógica.

Sendo assim, cabe aos líderes compreenderem de forma profunda como despertar a motivação intrínseca de seus colaboradores, em busca de equipes produtivas e que se sintam engajadas com seus trabalhos. Estratégias construídas majoritariamente em cima das recompensas financeiras dificilmente produzirão resultados satisfatórios e duradouros no engajamento dos colaboradores. Segundo as pesquisas, tais estratégias poderão inclusive diminuir a motivação e satisfação das pessoas com seu trabalho, impactando naturalmente na performance e qualidade de entrega.

Quer saber mais? A Neurociência Organizacional pode te ajudar a ter um novo olhar sobre este tema!


E se precisar de apoio em um período de mudança na sua empresa, manda uma mensagem para gente! Será um prazer pensar soluções customizadas para o seu desafio 😉


Um abraço e até o próximo post!


Nêmesis Neurociência Organizacional

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