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Ana Carolina Souza

Você também já foi questionada pela sua liderança como mulher?

Habilidades femininas, questionadas por muito tempo, fazem parte hoje da maioria dos treinamentos de liderança realizados dentro e fora das organizações

Todos precisam de habilidades socioemocionais, não importa com qual gênero você se identifica.


Apesar das críticas e conselhos, fui seguindo meu instinto, até que um dia comecei a estudar mais sobre os diferentes modelos de liderança. Que surpresa não foi a minha quando percebi que o “meu jeito de liderar” envolvia diversas habilidades que eram descritas como estratégias mais eficientes de liderança?!

Liderar foi algo que aconteceu naturalmente ao longo da minha trajetória. Não foi exatamente uma escolha ou um projeto, mas olhando para trás, vejo que em diferentes momentos tive a oportunidade de exercer este papel e influenciar positivamente as pessoas ao meu redor. A verdade é que na época eu não pensava muito sobre o assunto, aliás, sequer conhecia. Havia algo a ser feito e se estivesse ao meu alcance, eu fazia.


No início não parecia nada muito significativo, organizar o grupo de teatro da escola, a formatura de segundo grau, a festa da faculdade ou ser representante do centro acadêmico, todas iniciativas que fizeram parte da minha história. As pessoas me convidavam para assumir alguma responsabilidade e lá eu ia. Quase sempre com uma percepção de alguém que era muito dedicada, organizada e resolutiva. A liderança estava lá, mas como eu disse, isto não estava em pauta, até eu começar a empreender.


Quando decidi empreender, há pouco mais de dez anos atrás, o tema da liderança ganhou um brilho diferente, um certo glamour, responsabilidades e porque não dizer, status. Havia títulos, hierarquia, processos e mesmo uma empresa pequena se via imersa naquele ambiente que lidava com a liderança de uma forma diferente. Aquele papel que por muito tempo fez parte do meu dia a dia de forma leve e natural, ganhou um peso, uma certa formalidade. Ao assumir uma posição explícita de liderança, me vi na vitrine. Se antes ninguém nunca se preocupou exatamente com o que estava sendo feito, ou melhor, com a maneira como eu o fazia, ao empreender, passei a receber dicas, críticas e conselhos de todos os lados. Havia expectativas, modelos a serem seguidos e uma série de referências, que cá entre nós, não faziam o menor sentido para mim.


Eu ouvia que era gentil demais com as pessoas, que não podia me preocupar tanto com elas e que não deveria ser muito amiga daqueles que trabalhavam comigo – falhei miseravelmente em todas essas regras! Ao que parece, eu era boazinha demais, sentimental e gastava muito tempo tentando conciliar os interesses de muitas pessoas, uma missão considerada perda de tempo. Deveria ser mais dura, objetiva e racional, afinal de contas aquilo ali era trabalho.

Eu entendia os argumentos, em parte concordava que precisava ser mais objetiva e menos sentimental em alguns momentos. Certas práticas ou atitudes autoritárias, às vezes necessárias, me causavam grande desgaste e sofrimento, e isso não era bom. Mas a verdade é que isso era uma exceção. Do meu jeito, a liderança funcionava. Eu cuidava para que as pessoas estivessem cientes de seu papel e da relevância de sua atuação, buscava criar oportunidades para seu desenvolvimento, dar espaço para suas necessidades e ambições, e acima de tudo, gostava genuinamente de compartilhar meus dias ao lado delas. Não fazia sentido, ter uma relação formal, distante e fria, com aqueles que passavam a maior parte do tempo ao meu lado.


Intuitivamente fui questionando o que me diziam, comecei a confrontar de onde vinham essas regras. Eu via que a equipe se mantinha engajada, enfrentávamos juntos nossos altos e baixos, e o trabalho seguia de forma bastante produtiva. Não me lembro uma única vez em que precisei do apoio da minha equipe e eles não estiveram lá, ao meu lado. Essa reciprocidade era a certeza de que eu estava no caminho certo. Adotar uma postura de liderança ao melhor estilo “comando-controle”, ia contra meus valores e como eu me via nesse papel. A verdade é que um dos principais motivos para eu decidir empreender foi justamente a possibilidade de criar um ambiente saudável, respeitoso e feliz dentro da empresa.


Apesar das críticas e conselhos, fui seguindo meu instinto, até que um dia comecei a estudar mais sobre os diferentes modelos de liderança. Que surpresa não foi a minha quando percebi que o “meu jeito de liderar” envolvia diversas habilidades que eram descritas como estratégias mais eficientes de liderança?! Aos poucos, fui percebendo que isto não era amplamente discutido (ou conhecido) e fazia parte de uma grande mudança cultural que ainda estamos vivendo e que ao longo dessa caminhada devemos desmistificar muitas coisas a respeito de antigos modelos de liderança, que hoje já não funcionam mais.

O que eu aprendi?


1) Empatia importa e muito


Dedicar tempo para conhecer melhor as pessoas com quem você trabalha, indo além dos aspectos profissionais é uma forma muito eficiente de se conectar com essas pessoas e exercitar a empatia. Esta habilidade é fundamental para uma comunicação mais eficiente e para criação de um ambiente de segurança emocional.


2) Conciliar interesses é possível


Quando nos dedicamos a entender melhor o que cada pessoa precisa, suas expectativas e ambições, podemos negociar junto à empresa o que é ou não possível fazer a cada momento. Nem sempre teremos respostas positivas para os nossos colaboradores, mas ouvir essas pessoas com atenção, nos permite buscar oportunidades que façam sentido para todos e mostrar a essas pessoas, que elas importam. Cuidar de alguém da sua equipe, jamais é uma perda de tempo. Todo o investimento feito retorna numa relação mais autêntica, fiel e sincera.


3) Ser vulnerável não é uma fraqueza


Quando nos aproximamos de verdade das pessoas e nutrimos esses relacionamentos, mais cedo ou mais tarde estaremos vulneráveis. Vão nos ver, conhecer e não teremos mais o véu da formalidade para nos proteger. Precisamos estar confortáveis com isso, admitindo que, como líderes, também erramos e muitas vezes precisamos buscar apoio, inclusive junto à equipe. Aceitar sua vulnerabilidade permite uma maior conexão com essas pessoas, favorecendo a empatia, o processo de pertencimento e a confiança, todos elementos fundamentais para criação de um espaço com maior segurança psicológica.


4) Motivar é fundamental


Seres humanos são naturalmente engajados, mas te fizeram acreditar o contrário. Como líderes, cabe a nós, guiar, orientar e trazer sentido para rotina dessas pessoas que trabalham conosco. Pessoas não são máquinas, possuem sentimentos, desejos e ambições. Apenas dar ordens, ou dizer o que as pessoas têm que fazer, sem explicar o significado deste trabalho ou considerar seu esforço e ambições, não é a melhor forma de promover engajamento. Conhecer mais a respeito das emoções me ajudou a saber por onde seguir e por isso considero que como líderes, devemos aprender sobre as emoções e adaptar constantemente nossas estratégias, adquirindo um olhar mais empático e eficiente para a gestão de pessoas.


5) Trabalhe com evidências


Sou muito favorável às críticas e conselhos, mas como boa cientista, eu me apego mesmo é a uma boa base de dados! Observem as equipes de vocês. O que está acontecendo? Como eles estão emocionalmente? O que dizem, como anda a comunicação, qual sua performance...há muito o que observar! Essas são as informações que realmente importam e, no final do dia, mostrarão se você está ou não indo bem na sua atuação como líder. Não se deixe abater por críticas sem sentido, principalmente, se você percebe que o dia a dia te diz o contrário. Passei anos me sentindo mal por não agir como uma “líder”, me achando de alguma forma fraca ou menos competente, mas por fim, aquilo que me disseram que era uma fragilidade, era na verdade uma força!


Este diálogo é fundamental, uma vez que as habilidades socioemocionais, são reconhecidas de forma mais proeminente em mulheres. Isso ocorre por questões culturais, associadas às diferenças de gênero, que ainda persistem nos dias de hoje, mas o que acontece é que quando entramos no mercado de trabalho, essas mesmas habilidades são estereotipadas, criticadas e julgadas como fraqueza e falta de preparo. O mundo mudou, as habilidades socioemocionais ganham a cada dia mais importância e, hoje, sabemos que os melhores líderes são aqueles com alta inteligência emocional, empatia, habilidade de comunicação e que, por fim, o que por muito tempo foi criticado hoje faz parte da maioria dos treinamentos feitos dentro e fora das organizações.


Hoje, todos precisam dessas habilidades, não importa com qual gênero você se identifica. Afinal, são habilidades humanas, que por muito tempo, foram associadas às mulheres, mas não é algo exclusivo, é algo em grande parte, aprendido.


Eu gosto muito de uma colocação da Jacinda Ardern, Primeira ministra da Nova Zelândia, que diz: “Uma das críticas que tenho enfrentado ao longo dos anos é que não sou suficientemente agressiva ou assertiva, ou talvez, de alguma forma, porque sou empática, significa que sou fraca. Eu me revolto totalmente contra isso. Recuso-me a acreditar que você não pode ser ao mesmo tempo compassivo e forte”. E se você, assim como eu e Jacinda, se sentiu (ou ainda sente) criticada, julgada ou até mesmo menos capaz por ser assim, este post é para te dizer que você não é a única e que talvez ser quem você é seja o seu grande trunfo!


Chegou a hora de diversificar nossas referências de liderança, assumir este debate e seguir investindo na mudança que queremos ver! Vem com a gente?

Um abraço e até o próximo post 😉


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